Comboio de alta velocidade é “tabu” e está adiado por “muito tempo”, diz António Costa ao jornal ABC.
O primeiro-ministro, António Costa, assegura hoje em entrevista ao diário espanhol ABC que a construção de uma linha para comboios de alta velocidade entre Lisboa e Madrid está adiada por “muito tempo” porque é uma questão “tabu” em Portugal.
“A
alta velocidade é um tema tabu na política portuguesa e vai sê-lo por
muito tempo”, disse António Costa, acrescentando que “um dia” terá de se
olhar para este tipo de rede ferroviária, que está a crescer na maior
parte da Península Ibérica e na qual Portugal “estará de fora”.
Para
o chefe do Governo, “infelizmente” houve um tempo em que o grande tema
de diferenciação política entre esquerda e direita era o investimento
público em infraestruturas, como a linha de alta velocidade entre Lisboa
e Madrid ou a construção de um novo aeroporto na capital portuguesa.
“Também
perdemos a oportunidade de fazer um novo aeroporto”, disse Costa,
considerando que agora se tem de “pôr de lado do debate partidário todos
esses temas”.
O
Governo socialista de José Sócrates tinha decidido avançar com a linha
de alta velocidade e a construção do novo aeroporto de Lisboa, mas o
Governo de Pedro Passos Coelho decidiu travar esses dois grandes
investimentos públicos quando chegou ao poder em 2011 para aplicar o
programa de auxílio negociado com a “troika”.
Noutra parte da entrevista ao ABC, António Costa assegura que será candidato nas próximas eleições, “se gozar de boa saúde”.
Costa
também afirma que foram os partidos apoiantes do governo, Bloco de
Esquerda (BE) e Partido Comunista (PCP), que o convenceram a tomar
certas medidas fiscais, mais do que ele a convencer os partidos de
esquerda.
“Em
todos os nossos programas [eleitorais] estavam essas medidas e os
acordos [de apoio parlamentar] levaram-nos a aplicá-las antes do
esperado. Não foi um grande esforço tê-los convencido. Pelo contrário,
convenceram-me mais eles a mim”, afirmou António Costa.
O
chefe do Governo evitou responder a uma pergunta sobre se seria
possível o crescimento económico atual sem que se tivesse passado pelos
“anos duros de austeridade” do anterior Governo do PSD “encarregado de
ativar as medidas impostas pela ‘troika’”.
“Não
vou abrir uma luta sobre o passado. O passado, passado está”, afirmou
António Costa, acrescentando que “o importante é que Portugal virou a
página” e conseguiu alcançar o défice orçamental “mais baixo” da
democracia e o crescimento “mais forte” desde o início do século, assim
como começado a reduzir a dívida e o desemprego.
A
entrevista foi realizada na passada terça-feira, quando o chefe do
Governo esteve em Madrid para se encontrar com o primeiro-ministro
espanhol, Mariano Rajoy, e inaugurou uma exposição sobre o poeta
Fernando Pessoa no museu Rainha Sofia.
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