As questões que falta responder no caso IURD




Porque é que a Segurança Social mandou crianças para um lar ilegal? Porque é que a polícia não ajudou a mãe que pediu auxílio? E os tribunais, como agiram? As questões que falta responder no caso IURD

 A reportagem ‘Segredo dos Deuses’, emitida em dezembro pela TVI, revelou um esquema de adoções alegadamente ilegais levadas a cabo por importantes membros da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), uma igreja evangélica neo-pentecostal fundada nos anos 70, no Brasil, por Edir Macedo. A igreja geria um lar ilegal para crianças em Lisboa, onde pais em desespero confiaram os seus filhos, que acabariam no Brasil e nos Estados Unidos a ser adotados ilegalmente por bispos da IURD.

Para isto acontecer, muito falhou no Estado português: muitas das crianças chegaram àquele lar encaminhadas pela própria Segurança Social e pelos tribunais. Como foi possível? Em vários casos em que a guarda das crianças foi retirada aos pais biológicos, estes não foram ouvidos em tribunal, como manda a lei. Já a Santa Casa da Misericórdia, a quem o Estado entrega a função de avaliar os candidatos à adoção no município de Lisboa, confiou apenas num relatório falso do lar e em duas testemunhas ligadas à IURD para aprovar a idoneidade da secretária de Edir Macedo para adotar as crianças.

Mas há mais: uma das mães em causa diz ter ido duas vezes à polícia para denunciar que suspeitava que os seus filhos lhe estariam a ser roubados. A polícia nada terá feito para a ajudar. Noutro dos casos, mesmo depois de o Tribunal da Relação de Lisboa ter decidido entregar a guarda de duas gémeas à sua avó biológica, a advogada do lar da IURD terá fugido com as crianças e um outro tribunal atribuiu-lhe mesmo a guarda das crianças. Reunimos neste artigo as seis

O Lar Universal, da Igreja Universal do Reino de Deus, foi inaugurado a 23 de maio de 1994, em Camarate, e mudou de instalações em 1997, para Lisboa. Contudo, só em 2001 obteve licença e só em 2004 assinou acordo com o Estado português (a nova lei para a proteção de crianças em risco exige que as crianças retiradas às famílias só podem ser colocadas em instituições com acordos com o Estado, de forma a que o acolhimento destes menores possa ser gerido de forma centralizada). Durante estes anos em que funcionou ilegalmente, contudo, recebeu várias crianças encaminhadas pela Segurança Social e pelos próprios tribunais, como atestam documentos exibidos na reportagem da TVI

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Fonte O Observador

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